Itália receberá primeiro hub de neurotecnologia da Europa

Em parceria com o instituto brasileiro Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro, Polo de Neurotecnologia San Raffaele terá como foco a implantação em larga escala de neurotecnologias e protocolos de neurorreabilitação não invasivos

As organizações italianas Hospital IRCCS San Raffaele e Universidade Vita-Salute San Raffaele, em Milão, anunciam o recebimento de um Polo de Neurotecnologia. A instalação do hub ocorre em parceria com o instituto brasileiro Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro, vinculado à Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa. Não foi divulgada a data para a inauguração.

Resultado de um processo de planejamento de dois anos, que inclui a elaboração de um Plano Diretor, o Polo de Neurotecnologia San Raffaele será a primeira iniciativa deste tipo na Europa, concentrada na implantação de larga escala de neurotecnologias e protocolos de neurorreabilitação, baseados na aplicação de interfaces cérebro-máquina não invasivas (ICMn) novas e genéricas. Essas ICMn serão a fundação de múltiplos protocolos de neurorreabilitação e terapias para tratamento de pessoas sofrendo de várias doenças neurológicas, tais como lesão medular, doença de Parkinson, derrames, esclerose múltipla e epilepsia crônica.

Em adição ao Centro de Neuroreabilitação, a fase inicial do Polo de Neurotecnologia San Raffaele também prevê o estabelecimento de um Laboratório de Neurodados e uma Iniciativa de Neurotelemedicina. Além destes, uma série de iniciativas educacionais também estão planejadas, incluindo a criação de um Programa de Neuroreabilitação para profissionais da saúde, um curso global em ICM, um Programa de bolsas de graduação, e, eventualmente, um Programa de Graduação em
Neuroreabilitação de ICM.

Inicialmente, o Polo de Neurotecnologia San Raffaele terá a missão central de prover aos pacientes em toda Itália e Europa o acesso integral aos modernos protocolos de neuroreabilitação e neurotecnologias desenvolvidas originalmente pela equipe brasileira multidisciplinar liderada pelo Dr. Miguel Nicolelis, neurocientista e Professor Emérito da Duke University Medical Center, nos Estados Unidos, e presidente do Instituto Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro.

Ao lado do Dr. John Chapin, Nicolelis criou, no final dos anos 90, a abordagem neurofisiológica que eles denominaram interface cérebro-máquina. Nos últimos 25 anos, Nicolelis e sua equipe de pesquisadores nos EUA e Brasil desenvolveram múltiplas aplicações clínicas, baseadas em diferentes arranjos de ICM, combinadas com múltiplas ferramentas derivadas dos campos da realidade virtual e robótica. Além da autoria do Plano Diretor – elaborado em colaboração com o Dr. Alan Rudolph, e que guiará as atividades do Polo Neurotecnológico – Nicolelis assumirá a posição de Professor Visitante da Universidade Vita-Salute San Raffaele, e co-liderará a colaboração ítalo-brasileira.

Disfunção cerebral no mundo

Estima-se que mais de um bilhão de pessoas no mundo todo são acometidas por
algum tipo de disfunção cerebral, incluindo doenças neurológicas e psiquiátricas. Até a década de 2030, o custo global para tratar desse número massivo de pessoas pode chegar próximo a seis trilhões de dólares. Portanto, terapias e tecnologias de neuroreabilitação inovadoras, clinicamente seguras e eficientes, e de baixo custo são necessárias para atender às necessidades de longo prazo dessas pessoas.

Nos últimos 20 anos, a demonstração recorrente de que é perfeitamente possível conectar um cérebro humano à ferramentas robóticas, eletrônicas, ou virtuais, através das interfaces cérebro-máquina para criar aparatos neuroprostéticos e estabelecer protocolos de neurorreabilitação inovadores tem surgido como uma potente abordagem para enfrentar este enorme desafio global no cuidado à saúde.

Imagem: Reprodução X Università Vita-Salute San Raffaele

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