Desde a última sexta-feira (28 de maio), após a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciar Samantha Cristoforetti como a primeira mulher europeia a comandar a Estação Espacial Internacional (ISS) em missão prevista para 2022, a astronauta voltou a ganhar os holofotes da mídia mundial.
“A nomeação de Samantha para o papel de comandante da ISS é uma inspiração para toda uma geração que está se candidatando para ingressar no corpo de astronautas da ESA. Mal posso esperar para conhecer as candidatas finais e aproveito a oportunidade para incentivar mais uma vez as mulheres a se candidatarem”, afirmou o diretor geral da ESA Joseph Aschbacher.
Também pudera: em um universo tão machista como o do planeta Terra, o cosmos permanece limitado ao alcance dos homens em sua maioria. Mas Samantha, que também carrega o marco de ser a primeira mulher astronauta da Itália – e a terceira mulher a comandar a ISS -, sem dúvidas, é uma inspiração para que tantas outras meninas e mulheres busquem o seu espaço – seja ele, cósmico ou não.
O sonho em ser astronauta está com ela desde a infância. Foram ao menos 15 dos seus 44 anos de vida dedicados a estudos específicos no setor aeroespacial em diversas universidades estrangeiras, como na Alemanha, França, Estados Unidos, além da própria Itália. E muitos, muitos treinamentos.
Em 2014, seu sonho de menina se realizou. Samantha ficou em órbita por 199 dias e bateu o recorde como “a mulher a ficar mais tempo no espaço”.
Suas peripécias pelo cosmos estão registradas no livro autoral Diario di un’Apprendista Astronauta (“Diário de Uma Aprendiz de Astronauta”, em tradução livre; editora La Nave di Teseo, 2018). Na obra, Samantha descreve sua vida a bordo e, como, aos poucos, se tornou um ser humano totalmente adaptado à ausência da gravidade.
Em 2015, quando retornou à Terra, Samantha contou em videoconferência organizada pela NASA [a Agência Espacial Americana], que no espaço dormiu bem e não teve pesadelos. “Entre meus sonhos, o mais frequente era que eu tomava banho”, disse a astronauta na ocasião, acrescentando que teve que fazê-lo sentada ao ingressar ao planeta, pois não estava mais habituada à gravidade.
Infelizmente, o livro de Samantha ainda não tem tradução para o português. Porém, há a edição em inglês lançada pela Penguim Books (Diary Of An Apprendice Astronaut), a qual traz um breve depoimento da astronauta na página oficial da editora no Youtube.
Na Itália, a comandante é conhecida como AstroSamantha. O apelido dá título ao documentário que traz cenas reais da astronauta em órbita com seus colegas espaciais. A narração é do grande ator italiano Giancarlo Giannini e a direção de Gianluca Cerasola.
Natural de Milão e mãe de dois filhos, o perfil de Samantha Cristoforetti na ESA informa que ela é uma ávida leitora, apaixonada por ciência, tecnologia e ciências humanas. Gosta de aprender línguas estrangeiras e seu atual desafio é o chinês. Também curte caminhar, mergulhar e praticar ioga.
BRUNA GALVÃO é jornalista especializada em Itália / bruna.galvao@agenciacerne.com.br