Com receita italiana e tecnologia brasileira, pinsa romana visa conquistar o mercado nacional

Ancestral da pizza tem massa leve, crocante por fora, macia por dentro e é muito mais saudável

Pittoresca, sim, deliciosa, também. Com boom de crescimento de consumo de 600% nos últimos dois anos na Itália (os dados são da Nielsen), chega ao Brasil a pinsa romana. Comercializada atualmente em Estados do Sul e Sudeste, aos poucos, o produto conquista o paladar dos brasileiros e o mercado nacional. Em São Paulo, é possível encontrar a massa pré-cozida para o preparo em casa em redes como o Eataly, ou já pronta em restaurantes como o Mezzaluna.

Segundo os sócios da Italian Bakery House (IBH), empresa responsável por trazer a novidade ao Brasil, o brasileiro Frederico Tomé e os italianos Riccardo Bianchi e Massimiliano Bianchi, a expectativa é de expansão para outras regiões do país até o final de 2022.

“A pinsa romana se insere no mesmo mercado da pizza, mas com características completamente diversas”, explica Riccardo.

De fato, se a olhos vistos pizza e pinsa se assemelham, a diferença entre elas está na fórmula das massas, o que insere a pinsa em outro mercado: o de alimentos saudáveis. Eis um dos motivos para o sucesso de vendas do produto na Itália: em comparação com a pizza, a pinsa romana possui 90% menos gordura saturada e colesterol quase a zero.

No Brasil, além dos benefícios para a saúde, os empresários da IBH também apostam na utilização de farinhas nacionais no preparo das massas de pinsa – neste caso, produzidas no Paraná.

“Encontramos farinhas brasileiras com ótima qualidade e estamos muito satisfeitos com o resultado”, conta Massimiliano.

Para a inserção do produto no país, a ideia partiu de Frederico, que é padeiro e pizzaiolo de formação.

“No início, fui chamado de louco. Mas hoje posso dizer que minha missão foi cumprida: a de deixar o legado da pinsa no Brasil”, afirma o brasileiro.

Afinal, o que é a pinsa romana?

Pinsa romana com mortadela e stracciatella /Bruno Lemos

A pinsa é uma massa leve, com aspecto crocante por fora e macia por dentro. Sua base possui 80% de água, o que a torna hipocalórica e de fácil digestão. É feita da mistura de três farinhas – de trigo, de arroz e de soja -, com tempo de fermentação de 72 horas.

A palavra “pinsa” tem origem no latim, “pinsere”, que significa “alongar” ou “amaciar” – que é o que se faz no momento em que se trabalha a massa.

Trata-se de uma ancestral da pizza. Seu surgimento data do antigo Império Romano, quando os camponeses faziam uma focaccia muito hidratada com água e cereais. Por ser um alimento tão importante aos romanos da época, eles a utilizam para pedir aos deuses prosperidade e riqueza.

Por séculos, a receita manteve-se esquecida. No entanto, nos anos 2000, a pinsa voltou a ser fabricada, após ser descoberta e reformulada pelo panificador italiano Conrado di Massimo.

Minha experiência com a pinsa em casa

Não tão bonita quanto a dos chefes, mas com massa igualmente no ponto: em minha pinsa, usei tomates-cereja, manjericão e azeite extravirgem / Bruna Galvão – arquivo pessoal

Já tinha degustado a pinsa romana em alguns restaurantes de São Paulo. Além da crocância por fora e da maciez por dentro, também me surpreendeu o sabor único da massa, diferente de tudo que já provei.

Então, tentei fazer a pinsa em casa, em um forno comum. Confesso que errei feio nas duas primeiras tentativas, pois minha massa ficou úmida e mole – em nada igual ao que havia comido nos restaurantes. Como sei dos meus (des)talentos na cozinha, tentei mais uma vez e daí, sim, atingi a glória! Aumentei a temperatura do forno para 270ºC e em 10 minutos, minha base de pinsa romana estava como a dos chefs dos restaurantes (brava Bruna!!!)!

Outra dica é não utilizar molhos muito aguados, já que eles podem interferir na qualidade da base, que é muito hidratada.

Acompanhada de um drink e da minha série preferida do momento, mais uma vez, a pinsa me conquistou…

Onde encontrar a pinsa romana

Feita com três farinhas diversas, pinsa romana tem sabor inigualável / Bruno Lemos

RESTAURANTES
Basilicata Trattoria (Jardim Paulistano, São Paulo-SP)
Castellammare (Centro, Itapetininga-SP)
Circolo Cucina (República, São Paulo-SP)
Família Presto (Aclimação, São Paulo-SP)
Hamburgueria 285 (Barra da Tijuca, Rio de Janeiro-RJ)
Iate Clube (Higienópolis, São Paulo-SP)
Illy Caffè (Cerqueira César, São Paulo-SP)
Hotel Porto Pacuíba (Ilhabela-SP)
Menu Cozinha & Vinho (Jardim América, Sorocaba-SP)
Mezzaluna (Jardins, São Paulo-SP)
Sensi Gastronomia (Campo Belo, São Paulo-SP)
Spazio di Roma (Centro, São Bernardo do Campo-SP)
Prime Coffee (Tatuapé, São Paulo-SP)
The Joy (Higienópolis, São Paulo-SP)

SUPERMERCADOS
Eataly – Vila Nova Conceição, São Paulo-SP
Empório Varanda – Cidade Jardim, São Paulo-SP
Festval – Curitiba-PR
Hortisabor – Itaim Bibi, São Paulo-SP

Imagem de capa: Bruno Lemos

BRUNA GALVÃO é jornalista especializada em Itália /pittoresca@pittoresca.com.br

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