Além da energia: parques eólicos italianos apostam em turismo sustentável pelo país

11 parques espalhados pela península oferecem roteiros variados que incluem história, gastronomia e até esportes radicais

Bons ventos sopram na Itália. O Dia Mundial do Vento, celebrado em 15 de junho, reforça o investimento local em energia eólica, que já conta com seu primeiro parque offshore: instalado em Taranto, na Puglia, tem capacidade de abastecimento de 20 mil residências por ano.

Mais do que isto: o país tem aproveitado a implantação de parques eólicos em todo o território para transformá-los em atrativo turístico. A iniciativa é da Legambiente, associação sem fins lucrativos que trabalha em prol do ambientalismo científico.

Atualmente, são 11 os chamados “Parques do Vento” credenciados pela instituição no Belpaese: partem das Colinas Moreniche em Verona, no norte, e chegam ao rio Fortore em Molise, no sul, percorrendo os relevos e colinas da Ligúria e da Toscana, o interior do Abruzzo e da Campania, contornando a Basilicata, Puglia, Sicília e Umbria, até chegar ao planalto Ogliastra, na Sardenha.

Todo o percurso pode ser feito a pé, de bicicleta ou a cavalo.

Enquanto as encantadoras pás de vento giram, distribuem-se pelo caminho vilarejos medievais, antigas fábricas e ferrovias, excelências gastronômicas e muitas belezas naturais.

Confira as atrações de alguns dos Parques do Vento italianos.

1- Parque Eólico de Taranto – Puglia

Parque eólico pugliese é o primeiro offshore do Mediterrâneo / Parchidelvento.it

Taranto, na Puglia, é a terra do primeiro parque eólico offshore do Mediterrâneo. Porém, da cidade em si, é impossível ver as máquinas de vento localizadas mar adentro. É preciso ir até o píer Polisettoriale para encontrar as primeiras turbinas.

Como está situada entre dois mares, o Piccolo (“pequeno”) e o Grande, uma boa dia é percorrer o Circum Mar Piccolo, uma antiga estrada que circunda – literalmente – o “pequeno” mar de Taranto. Um lugar silencioso, selvagem, rodeado pela natureza, onde é possível apreciar garças e flamingos.

É impossível ir a Taranto e não saborear suas ostras típicas. Conhecidas como cose nere, essa excelência da culinária pugliese tem séculos de tradição, sendo ainda hoje, cultivada ao modo artesanal.

Seu sabor adocicado se deve à presença, no mar Piccolo, de inúmeras nascentes de água doce, denominadas citri, que ao se misturarem com a água do mar, baixam o índice de salinidade da ostra.

Roteiro completo aqui.

2- Parque Eólico Valbormida e Naso di Gatto – Ligúria

Pás de vento em Cairo Montenotte se misturam ao cenário de antiga atividade industrial na Ligúria / Parchidelvento.it

Partindo do litoral pelo Vale Bormida, na Ligúria, região da zona alpino-apenina, encontra-se uma infinidade de vilarejos medievais, antigas fazendas e bosques. Mas, provavelmente o ponto alto desta excursão está em Cairo Montenotte, que abriga os restos de uma antiga atividade industrial do século 20.

Ali jazem os vagonetti, teleféricos que transportavam carvão e algodão por 17 km bosque adentro. Foi o maior teleférico da Europa.

Para compreender a história industrial da região, é preciso visitar o centro de Cairo Montenotte. Em meio às suas casas coloridas e a muralhas do século 14, está o Palazzo Scarampi, sede da Ferrania Film Museum. Nela está a memória histórica daquela que já foi uma das maiores empresas do país, a Ferrania, líder na produção de material fotossensível para fotografia, artes gráficas, radiografia e material cinematográfico.

Roteiro completo aqui.

3- Parque Eólico Gubbio – Umbria

Osteria de fundador “bigodudo” e conhecedor da cultura popular é parada obrigatória no parque eólico de Gubbio /Parchidelvento.it

Na Umbria, região central da Itália, o Parque do Vento está sobre o Monte Cerrone, uma pequena e distante fração da província de Gubbio. Instalado em 2021, é o primeiro sistema eólico de propriedade italiana.

Rodeado por natureza, ali está a Serra di Burano, um trecho dos Montes Apeninos, que faz fronteira com Marche.

Falando na Serra di Burano, é altamente aconselhável visitar a Osteria da Baffone, um clássico da gastronomia local imerso ao verde. Saboreie as trufas, uma das maiores iguarias da culinária do centro da Itália.

Enquanto se delicia com a gastronomia local, peça ao atual proprietário da Osteria para contar anedotas sobre seu pai, o fundador. Ubaldo Casagrande é um daqueles personagens caricatos que marcam uma localidade, tornando-se ele, uma atração: com seus enormes bigodes (“baffone”, em italiano), o finado Ubaldo foi um grande apreciador do conhecimento popular através das superstições e do uso de ervas. Tão forte é a sua memória na região, que há quem diga que ele não morreu.

Roteiro completo aqui.

4- Parque Eólico Ulassai – Sardenha

Falésia dos Tacchi dell’Ogliastra no Parque Eólico Ulassai, na Sardenha / Parchidelvento.it

Ulassai é um típico vilarejo sardo, ponto de entrada do Parque do Vento da região. Com um terreno dominado por formações rochosas, dentre as principais estão os Tacchi dell’Ogliastra, enormes afloramentos de rocha calcária-dolomítica distribuídos por cerca de 30 quilômetros quadrados. A mais famosa deles é o monolítico Perda Liana.

Neste relevo arqueológico, não faltam cachoeiras, grutas e falésias para se aventurar.

Destaque para a cachoeira de Lequarci, na cidade de Santa Barbara, que escorre de uma falésia calcárea de 70 metros de altura. As grutas de Su Marmuri são também um atrativo devido à beleza de sua cristalização calcárea.

Roteiro completo aqui.

Imagem de capa: Parque Eólico Ulassai / Parchidelvento.it

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