ITALIANIDADE PAULISTANA – Quer coisa mais italiana/paulistana do que isso?

Escrevo essa história sobre italianidades em três partes, porque, pelo que me lembro, ela também se deu assim: primeiro em Roma, depois em Perugia e, anos mais tarde, em Ferrara. De toda forma, essas são apenas algumas das provas de como a percepção paulistana das italianidades podem ser, digamos, “sanguíneas”.

Darei um título à parte 1 dessa história – e logo você vai entender o porquê. Lá vai: “Um herói, uma raspadinha e o meu chaveirinho”.

Minha primeira viagem internacional foi para a Itália. Também foi a primeira vez que tive a coragem de viajar sem a companhia dos meus filhos. Não que, à época, eles fossem muito pequenos e exigissem a exclusividade da minha insubstituível presença ao lado deles (tinham 10, 12 e 23 anos), ou que eu tenha me ausentado de casa por muito tempo (foram sete dias entre ir e voltar). Isso só é mais uma prova de que eu, mulher, paulistana e mãe também sou daquelas das emoções “exageradas e sanguíneas”.

Pois então. Foi assim que eu e as minhas emoções superlativas chegamos sob forte neblina em solo italiano – na romântica Roma –, não sem antes ter ovacionado o piloto com uma sonora salva de palmas, juntamente com os outros quase 300 passageiros; naquilo que foi, segundo informações posteriores, apenas uma justa homenagem ao piloto-herói que nos fez pousar em total segurança.

Quer coisa mais italiana do que isso?

Sem me ater aos detalhes, vou dizer que, antes das quatro da tarde já estava no ônibus rumo à Perugia, depois de ter, é claro, visitado os principais pontos turísticos da cidade eterna, almoçado pizza al taglio, me deliciado com a granita – que não é, definitivamente o nosso “chup-chup”, tampouco a nossa raspadinha! Aliás, se tem uma coisa que eu aprendi é não ter uma discussão “sanguínea” logo na sua primeira visita à Itália… Para isso, sugiro que você não entre fundo no mérito de algumas coisas tipicamente italianas; principalmente se elas forem comestíveis. De toda forma, experimentar emoções superlativas fora do país é uma experiência inesquecível, eu garanto.

Ah, claro! Como turista iniciante (e sim! – há níveis que você pode vivenciar como turista), nessa minha primeira incursão por Roma não pude deixar de comprar pequenas e deliciosas bobagens, como a clássica camiseta do homem vitruviano (cujo nome estampado era uma diretíssima homenagem a um dos meus filhos) – mesmo se isso significasse, na volta, ter de me justificar com os outros rebentos sobre o porquê de ter comprado bottons e ímãs para eles – e não camisetas também.

Para mim comprei um chaveirinho que mantenho até hoje – e ressalto – já mudou o carro, mas não o chaveiro. Acho que preciso voltar à Roma.

Claro, essas são óbvias e maravilhosas italianidades que as minhas emoções superlativas puderam sentir e comprar, mas delas eu não poderia me poupar se quisesse ter pautas para futuras e consistentes conversas sobre italianidades com as amigas.

Quer coisa mais Paulistana do que isso?

Helenice Schiavon é designer educacional, especializada em projetos com storytelling e oralidade. Professora, pedagoga e locutora técnica, escreve ensaios quinzenais sobre italianidade em São Paulo em Pittoresca.

Ouça o podcast Eu, Storyteller com os textos desta coluna aqui.

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