Exposição sobre grupo italiano de vanguarda, que revolucionou a arte europeia no século 19, acontece em Brescia da janeiro a junho com mais de 100 obras
Entre 20 de janeiro a 9 de junho, o Palazzo Martinengo, em Brescia, na Lombardia, receberá uma das maiores exposições já realizadas sobre os Macchiaioli, um grupo de jovens pintores que na Florença do século 19 deu vida a uma das mais originais vanguardas artísticas europeias da época.
Os curadores Francesca Dini e Davide Dotti criaram uma retrospectiva de mais de 100 obras de Fattori, Lega, Signorini, Cabianca, Borrani, Abbati e outros, em sua maioria obras-primas provenientes de coleções particulares – geralmente inacessíveis – e de importantes museus como as Galerie degli Uffizi, em Florença, o Museu de Ciência e Tecnologia “Leonardo da Vinci”, em Milão e os Musei Civici de Udine.
Giovanni Fattori, Diego Martelli a Castiglioncello, 1867. Collezione privata / Amici di Martinengo
Dividida em 10 seções temáticas, a exposição apresenta a incrível aventura deste grupo de artistas inovadores e progressistas, que ávidos por se distanciarem do academicismo de mestres do Romantismo em que se formaram, conseguiram rapidamente escrever uma das páginas mais poéticas da história da arte, não só italiana, mas europeia.
A exposição no Palazzo Martinengo reúne as principais obras do grupo com o objetivo de contar aos visitantes os diferentes momentos dos Macchiaioli, como os lugares que conheceram – o Caffè Michelangiolo em Florença, a rua Piagentina, na capital toscana, a cidade na mesma região de Castiglioncello -, além de trazer uma comparação aberta e construtiva com outros artistas e com diversas escolas europeias de pintura.
Angelo Tommasi, La scaccia alle anitre, 1869. Udine, Galleria d’Arte Moderna / Amici di Martinengo
Outras características dos Macchiaioli encontradas na mostra são a sua confusão, o questionamento coletivo e a orientação para continuar no caminho do progresso e da modernidade sem nunca abandonar o caminho da luz.
Por seus valores universais, a arte dos Macchiaioli segue moderna e atual. O olhar íntimo sobre a sua realidade contemporânea, a visão anti-heroica e profundamente humana que os Macchiaioli tiveram do Risorgimento – como as telas de Fattori e Signorini que imortalizam os locais onde ocorreu a famosa batalha de San Martino e Solferino – também encantou o mundo do Cinema, de Luchino Visconti a Martin Scorsese.
Telemaco Signorini, Pascoli a Castiglioncello, 1861. Collezione privata / Amici di Martinengo
O termo “Macchiaioli” foi cunhado em 1862 por um crítico do jornal Gazzetta del Popolo de Florença, que assim definiu aqueles pintores que, por volta de 1855, deram propuseram uma renovação antiacadêmica da pintura italiana em tons realistas. O significado cunhado pelo jornalista era depreciativo e tinha duplo sentido: “darsi alla macchia”, que pode ser traduzido como “esconder-se”, também pode ser entendido como “agir na clandestinidade”.
Outras mostras
Na agenda anual de 2024 de importantes exposições na Itália, estão previstas uma homenagem ao mercador italiano Marco Polo, em Veneza, de abril a setembro e a mostra “Appia Moderna”, em Roma, sobre a história da Via Appia, de maio a setembro.
Fonte: Associazione Amici di Palazzo Martinengo
Imagem de capa: Odoardo Borrani, Mietitura del grano nelle montagne di San Marcello, 1861. Viareggio, Istituto Matteucci / Amici di Martinengo