Pão de Altamura: como um dos pães mais antigos do mundo sobrevive na contemporaneidade

Com mais de dois mil anos de existência, o Pão de Altamura tornou-se um dos principais símbolos culturais da região de Alta Murgia, na Puglia, com reconhecimento na Itália e no exterior. Afinal, ainda hoje, seus ingredientes e modo de preparo mantêm-se fiéis à receita da Antiguidade.

A seguir, saiba como este pão, um dos mais antigos do mundo, é também único e “o melhor”. As informações são de Pane Altamura DOP e Authentico.

O “melhor” e um dos mais antigos do mundo

A primeira referência sobre a origem do Pão de Altamura é de 37 a.C., quando o poeta Horácio, em suas sátiras, ao revisitar a paisagem de sua infância, em Alta Murgia, constata a existência “do melhor pão do mundo, tanto que o viajante diligente traz consigo um mantimento para o resto da viagem”.

Há ainda outros dois registros importantes sobre o produto milenar. O primeiro está em documento datado de 1420 que sancionava a isenção do imposto sobre o pão para o clero de Altamura. Já no segundo, em 1527, a tradicional atividade panificadora de Altamura é confirmada nos Estatutos Municipais da Cidade.

Um ato coletivo

O pão era o alimento base da antiga população da Alta Murgia. O formato tradicional, denominado “u sckuanète” em dialeto local, era sovado pelas mulheres em casa e levado para assar em fornos públicos. Portanto, fazer pão tornava-se um ato coletivo ao ultrapassar as paredes da vida privada.

Para identificar os pães de cada morador, o responsável pelo forno marcava-os com as iniciais da família em madeira ou ferro antes de levá-los para assar.

Um pão para durar

A principal característica do Pão de Altamura nos tempos antigos era a sua durabilidade, essencial para garantir o sustento dos camponeses nas semanas que passavam fora de casa. O almoço destes trabalhadores consistia basicamente em uma sopa de pão aromatizada com azeite e sal.

Pão de Altamura hoje

Ainda hoje, o Pão de Altamura é produzido segundo a receita milenar. Os ingredientes mantiveram-se inalterados ao longo dos séculos: sêmola de trigo duro moída, fermento, sal e água. O mesmo se diz sobre o processo de produção, que passa por três fases de fermentação.

Único no mundo

Por sua longa tradição e alta qualidade, o Pão de Altamura recebeu o selo DOP (Denominação de Origem Protegida) em 2003, sendo um dos principais símbolos da cultura local na contemporaneidade.

Sua área de produção na Puglia estende-se aos territórios incluídos no Parque Nacional Alta Murgia, aos municípios de Altamura, Gravina di Puglia, Poggiorsini, na província de Bari, Spinazzola e Minervino Murge, na província de Barletta, Andria e Trani.

No entanto, para que este pão seja considerado único no mundo, é preciso uma boa pitada de caracterização Pittoresca: o trigo duro utilizado na receita deve ser proveniente, ao menos 80%, de variedades cultivadas na região de Alta Murgia – ou seja, a mesma de produção do Pão de Altamura.

Como saborear

Devido ao longo processo de fermentação, o Pão de Altamura é de fácil digestão, além de ter pouquíssimas calorias e não apresentar colesterol.

É um pão versátil em termos de consumo: vai muito bem com um fio de azeite extravirgem, ou como acompanhamento de queijos e embutidos. Também pode ser utilizado em receitas com pão amanhecido, como almôndegas e pancotto. Se torrado, deve acompanhar sopas e verduras.

Imagem: Wikipedia

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