Há mais ou menos um mês, um amigo compartilhou comigo o seguinte arquivo: “Conceitos italianos que vão mudar sua vida”.
Li-o de cima a baixo e digo que, se dependesse de conhecer a maioria daquelas expressões para certificar a minha italianidade, teria sido aprovada. Mas acho que isso não é nada, pois quem não conhece expressões como: “dolce far niente”, “Fare una passeggiata”, “la vita è bella”?
A questão era outra. Ao avançar na leitura do documento, a coisa ficava bem mais complexa: seguiam-se mapas das regiões da Itália com seus queijos, pastas e vinhos… Foi então que me pus a pensar: para qual região da Itália me leva o meu gosto gastronômico?
Foi difícil chegar a um consenso e escolher entre tantos queijos, pastas e vinhos… Quase impossível chegar aos “top of the list”. Sim… Eu me mostrei uma paulistana típica no quesito “italianidade”: escolhas tão variadas me levaram a diferentes regiões da Itália e me fizeram pensar que, se eu fosse italiana, seria uma “Calabresa – Siciliana vivendo no Vêneto, cujas férias sempre passa no Lazio e jamais deixa de visitar as amigas em Reggio Emilia…”
Um pouco misturado ou bagunçado demais, né? Por isso, resolvi decantar – para usar um verbo gastronômico. Afinal, minhas escolhas deveriam manter o equilíbrio emocional diante de tantas gostosuras e fazer valer o bom senso de uma paulistana que já sabe que um traço marcante de italianidade é selecionar e apenas consumir produtos locais, seja para baratear os custos, seja para incentivar os produtores.
Foi assim que coloquei de lado a minha gula gastronômica e reduzi ao que deu a minha lista, sem perder de vista a pergunta que motivou a escrita desse texto: “o que os meus gostos gastronômicos dizem sobre a minha italianidade? ” Hum… Não posso dizer ao certo… Mas posso revelar para onde eles me levaram: ao “caciocavallo da Calabria” e ao “spaghetti alla carbonara del Lazio”…
Tudo regado à Coca-cola…
“E isso, pode?”
“Pode sim ! Sou paulistana e isso pode.
Helenice Schiavon é designer educacional, especializada em projetos com storytelling e oralidade. Professora, pedagoga e locutora técnica, escreve ensaios quinzenais sobre italianidade em São Paulo em Pittoresca.
Ouça o podcast Eu, Storyteller com os textos desta coluna aqui.