Brasil e Itália dão início à comemoração, que traz 1º Prêmio Pittoresca Made in Italy dentre as ações
Nesta semana, Brasil e Itália dão início às celebrações dos 150 anos da imigração italiana em território brasileiro, com ações durante o ano todo. Dentre elas, está o 1º Prêmio Pittoresca Made in Italy, destinado a empresários e jovens do Estado de São Paulo.
A data faz referência à chegada do navio La Sofia em 21 de fevereiro de 1874, com 388 italianos a bordo ao porto de Vitória, no Espírito Santo. Pela primeira vez, o país recebia um grande número de imigrantes da Itália em busca de uma nova vida. Após o La Sofia, outras centenas de navios vindos do Belpaese trouxeram milhões de italianos ao Brasil – fluxo que durou até meados da década de 1950 -, marcando o período conhecido como “grande imigração italiana”.
A lei de número 11.687 instituiu em 2008 o Dia Nacional do Imigrante Italiano, celebrado em 21 de fevereiro.
A seguir, algumas curiosidades sobre os 150 anos da imigração italiana no Brasil. Para mais informações, acompanhe nossa série especial Pittoresca sobre o tema: episódio novo todas as quartas-feiras em nossas redes sociais. Clique aqui para assistir.
Por que o Brasil?
Com o início da industrialização e a crise no campo para muitos agricultores, a partir de 1871, a Itália deu início a um forte processo emigratório de seus cidadãos pelo mundo. Até meados de 1950, no pós-Segunda Guerra Mundial, os italianos emigraram a todos os continentes e a outros países europeus, sendo mais intensa a emigração para as Américas e Austrália.
Dados do Museo Dell’Emigrazione Italiana revelam que aqueles que dispunham de mais dinheiro poderiam comprar passagens com destinos para além do oceano e, assim, desembarcar nos Estados Unidos e na Austrália, por exemplo.
No caso do Brasil, a crise na mão-de-obra escravizada nas lavouras de café nas últimas décadas do século 19, aliada a um interesse político de eugenia por parte da elite brasileira que propunha o “embranquecimento” da população brasileira a partir de novos imigrantes europeus, facilitou a vinda dos italianos ao país. Para isso, o governo brasileiro financiava as viagens de navio e algumas despesas básicas durante a chegada das famílias estrangeiras em território nacional. Os italianos também eram atraídos com campanhas – divulgadas, muitas vezes, por compatriotas no exterior – que prometiam terras, fartura e prosperidade, algo que não condizia com a realidade.
Embarque de italianos para o Brasil em 1910 / Museu da Imigração do Estado de São Paulo
Foi o que aconteceu com os 388 imigrantes do navio La Sofia, que atracou no porto de Vitória, no Espírito Santo, em 21 de fevereiro de 1874. Os recém-chegados vieram ao Brasil a convite de Pietro Tabacchi, um conterrâneo, proprietário de terras, que vivia em terras capixabas desde a década de 1850. Ao invés das casas prometidas para cada família, os imigrantes foram alojados em um galpão. Outros pontos do contrato de trabalho também não foram cumpridos por Tabacchi, o que fez com que quase todos abandonassem sua propriedade e, com a ajuda do governo brasileiro, buscassem outras terras para recomeçar.
De quais regiões italianas vieram os imigrantes?
Nos primeiros anos da imigração em massa ao Brasil, os imigrantes eram principalmente das regiões norte, como Veneto e Trentino-Alto Adige. O Veneto é a região italiana que mais enviou pessoas ao Brasil durante o período, correspondendo a quase 30% do total de imigrantes.
Com o passar dos anos, famílias do sul da Itália passaram a desembarcar em grande quantidade no gigante da América do Sul. Campania e Calabria lideram a lista, com 13% e 9% do total de italianos recém-chegados ao Brasil até meados dos anos 1950, respectivamente.
Total de ítalo-brasileiros
O Brasil é um dos países que mais recebeu imigrantes italianos nos séculos 19 e 20. Estima-se que mais de 30 milhões de brasileiros tenha algum ancestral italiano, o que corresponde a 15% da população nacional.
“Se levarmos em consideração que a atual população italiana é de 60 milhões de habitantes, podemos concluir que existe uma ‘meia Itália’ no Brasil”, compara a especialista em turismo de raízes Letizia Sinisi, da Italyrooting Consulting.
Além disso, a capital paulista e a Grande São Paulo, juntas, reúnem mais de 5 milhões de ítalo-paulistas, formando a maior comunidade de descendentes de italianos no exterior.
Nova cultura
A pizza chegou ao Brasil no início do século 20 com os italianos da Campania / Italcam
A chegada em massa dos italianos ao Brasil trouxe elementos inéditos ao cotidiano nacional. Dentre eles, estão a celebração a novos santos e a construção de novas igrejas, a introdução de alimentos, como a pizza e a lasagna, o início de uma nova estética na arquitetura, além da influência nos sotaques e dizeres regionais.
Celebração em 2024
Os 150 Anos da Grande Imigração no Brasil serão celebrados com diversos eventos e ações da comunidade italiana no país durante o ano. No Estado de São Paulo, que concentra o maior número de descendentes de italianos do país (cerca de 13%), Pittoresca, em parceria com Italyrooting Consulting e apoio institucional do Consulado Geral da Itália, da Câmara de Comércio Italiana e do Circolo Italiano do Estado, realizam o 1º Prêmio Pittoresca Made in Italy.
1º Prêmio Pittoresca Made in Italy celebrará as excelências italianas através de empresários e jovens do Estado de São Paulo /Arquivo Pittoresca
A iniciativa visa enaltecer três dos mais representativos setores das excelências italianas: Enogastronomia, Lifestyle & Bem-Estar e Tecnologia & Inovação.
Podem concorrer ao Prêmio Pittoresca, dois grupos: empresários italianos ou empresários ítalo-brasileiros com atuação de no mínimo cinco anos no Estado paulista e também jovens de 16 a 22 anos residentes na mesma região.
O edital com todas as regras será publicado em abril. As inscrições serão abertas em maio.
Imagem de capa: Família italiana no Brasil / Museu da Imigração do Estado de São Paulo