
Não é porque estamos na era da tecnologia que o interesse por lendas urbanas diminuiu. Basta pensar no turismo de terror, um mercado que atrai visitantes em todo o mundo em busca de calafrios em casas mal-assombradas, lugares de crimes ou envolvendo bruxas.
Caracterizadas como narrativas bizarras espalhadas pela própria população de uma cidade ou país, quase sempre ligadas ao fantástico e ao sobrenatural, as lendas urbanas foram muito populares nas conversas do cotidiano até os anos 1990 – e algumas até ganharam destaque na imprensa, tamanha era a convicção que causava nas pessoas.
Se no Brasil a história do ET de Varginha despertou curiosidade e espanto, na Itália, a lenda da ambulância negra apavorou muita gente na mesma época.
A seguir, a segunda rodada Pittoresca de lendas urbanas italianas famosas no Belpaese. Para ler a primeira edição, clique aqui. As versões abaixo são baseadas em Si Viaggia.
A ambulância negra no Abruzzo
Na década de 1990, uma história terrível tomou conta das rodas de fofoca na Itália. Dizia-se que uma ambulância negra percorria dia e noite as cidades italianas para sequestrar crianças, o que causou muito medo e preocupação nos pais em todo o país.
Além da imaginação do povo, a origem desta lenda urbana está relacionada à morte de duas crianças na região do Abruzzo, cujos corpos foram encontrados nas cidades de Penne e Montesilvano. O boato ganhou força quando Simone, um menino de 9 anos, revelou que um veículo negro se aproximou dele.
O lobisomem de Roma
O parque mais famoso de Roma, a Villa Borghese, está envolvido em uma história de mistério e violência: a lenda do lobisomem.
Tudo começou no final dos anos 1940, quando após a Segunda Guerra, vários cidadãos italianos de diversas partes do país declararam terem visto os temíveis lobisomens.
O auge dos avistamentos ocorreu em Roma: os jornais da época noticiavam uma figura semi-humana, com uma força descomunal, que uivava e atacava os transeuntes que passavam pelo parque à noite.
Em 1949, a polícia resolveu o mistério: um jovem declarou que durante a lua cheia passou a adquirir uma força que nunca tinha tido antes.
A coluna do diabo em Milão
Santo Ambrogio, o padroeiro de Milão, tem uma praça e uma basílica com o seu nome. No local também está uma coluna romana do século 3.
Desta vez, a difamação cai sobre o próprio Santo Ambrogio, que teria brigado com o diabo em pessoa. Segundo o boato que corre pela capital lombarda, durante a luta entre o bem e o mal, o diabo teria atingido com seus chifres a coluna, deixando dois buracos nela – e assim, abriu um caminho para o inferno.
Como as marcas não fazem parte da escultura original, a lenda ganhou força com o passar dos anos. Muitas pessoas juram sentir um odor de enxofre ao se aproximarem da coluna, enquanto outras garantem ter visto algo sobrenatural através das aberturas na relíquia romana.