Além da tarantella: peculiaridades que só a Calábria tem

Viajamos à região e descobrimos um modo de vida autêntico, que entrelaça tradições e novos paradigmas. Assista a reportagem completa!

Mais de 100 mil pessoas oriundas da Calábria imigraram ao Brasil entre 1876 a 1920, segundo dados do IBGE – período conhecido como “grande imigração italiana” -, trazendo algumas de suas tradições ao país, como a tarantella. Mas a imigração em massa da Calábria ao maior país da América do Sul não a tornou conhecida entre os brasileiros contemporâneos. Localizada no extremo sul da península itálica, a região quase toca a famosa Sicília, da qual se separa por apenas 3,3 km pelo Estreito de Messina.

Da cidade de Reggio Calabria é possível avistar a região da Sicília, ao fundo / Bruna Pit

Banhada por dois mares com cores turmalinas, o Iônico e o Tirreno, o atual território calabrês foi colônia grega nos tempos antigos, cuja presença ainda se faz presente na cultura, na arquitetura e na culinária. O relevo montanhoso também é forte em sua geografia, o que dá o contraste perfeito entre praia e montanha.

Aliás, a palavra “Calábria” deriva do grego “kalon-brion”, que significa terra fértil. São muitas as excelências produzidas em seu território, como pimenta malagueta, bergamota, cebola de Tropea, ndjua e azeites.

Ao que tudo indica, foi também na Calábria que surgiu o nome Itália.

A convite da Associazione Culturale Italia Brasile, Pittoresca viajou para a Calábria para descobrir as peculiaridades da região. A reportagem completa, em vídeo, você assiste logo mais em nosso canal no Youtube. Enquanto isso, confira algumas curiosidades calabresas:

1- Festa della Madonna della Consolazione em Reggio Calabria

Festa da padroeira de Reggio Calabria é uma das mais tradicionais da cidade / Bruno Lemos

Sem dúvidas, uma das festas populares mais importantes da cidade de Reggio Calabria. Uma multidão acompanha a passagem da imagem da padroeira do município, que é levada para a catedral. Nas ruas, muitas barracas com comidas típicas.

Panino con salsiccia e peperonata: um clássico nas ruas de Reggio Calabria/ Turismo Reggio Calabria

Um prato muito apreciado durante a Festa della Madonna é o panino con salsiccia e peperonata (um sanduíche com linguiça e molho à base de pimenta malagueta e cebola).

Para animar, nada como uma boa tarantella, tradicional música calabresa, ainda muito apreciada nos dias atuais.

2- Pietrapennata

Esculpida no alto da montanha, Pietrapennata conta hoje com 25 moradores / Bruno Lemos

É um vilarejo de origem grega, esculpido sobre as rochas a 700 metros acima do nível do mar. Está localizado no município de Palizzi, província de Reggio Calabria, na parte iônica calabresa.

“Seu” Lelo é um dos últimos moradores do lugar, que hoje conta com 25 habitantes. Os diversos terremotos que abalaram a região ajudaram a dispersar a população.

Seu” Lelo, um dos últimos moradores de Pietrapennata, conta para Pittoresca como é a vida no local / Bruno Lemos

Em uma visita ao que sobrou da vila, vimos resquícios de cômodos, objetos e eletrodomésticos – datados dos anos 1960 -, além do único forno que servia a todos os habitantes.

Ali o tempo parou. No auge do verão europeu, ovelhas cruzam as estradas do vilarejo, enquanto figos frescos podem ser colhidos a todo instante. Mais ao longe, avista-se a enorme pedra em forma de rabo de galo que dá nome ao lugar .

3- Nicotera

Nicotera Marina, parte baixa da cidade. Ao fundo, na serra, está Nicotera Superiore / Bruna Pit

Cidade com cerca de 5 mil habitantes na costa Tirrênica da Calábria. Éramos os únicos brasileiros ali – talvez, os primeiros em muito tempo.

Dividida em duas, a localidade tem praias e montanhas: em Nicotera Marina, está o mar de azul turquesa e águas calmas como um lago. A população costuma frequentar suas praias nos intervalos do trabalho.

Nicotera Superiore preserva resquícios da presença judia na cidade, cuja ocupação se encerrou no século 16 / Bruna Pit

Já Nicotera Superiore está cravada na serra, sempre de olho no que se passa em sua parte costeira. Ali estão o castelo e a igreja medievais, além do antigo bairro judeu que perdurou até o século 16. Como forma de incentivar o turismo local, a prefeitura homenageou o cantor calabrês Rino Gaetano com coloridos guarda-chuvas em uma de suas ruas.

Ainda estamos em dúvidas se o pôr do sol é mais bonito à beira-mar, em Nicotera Marina, ou das alturas, em Nicotera Superiore.

4- Nduja

Impossível ir à Calábria e não saborear a nduja. Esta palavra de difícil pronúncia para um nativo da língua portuguesa (algo como “ãnduia”) nada mais é do que um ingrediente coringa da gastronomia calabresa. Chamada por alguns de “salame calabrês”, por se tratar de um embutido, na nossa percepção, lembra muito um patê, por seu aspecto mais pastoso.

Nduja é ingrediente coringa da culinária calabresa / Bruno Lemos

É feita à base de carne de porco e peperoncino, a pimenta malagueta calabresa.

Pode ser utilizada em tudo. Nós a saboreamos como antipasto no pão, como ingrediente na pizza (em harmonização com a ricota) e até no sorvete (o de pistacchio é mais gostoso!). É picante, mas nada que nos fizesse soltar fogo pelas ventas.

Pizza com nduja e ricota servida na Calábria / Bruna Pit

Quer mais detalhes sobre a nossa viagem à Calábria? Assista a reportagem completa, logo mais, em nosso canal no youtube!

Imagem de capa: cidade de Scila / Bruna Pit

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